quarta-feira, 26 de maio de 2010

Scout – Muito mais do que estatística

Não é de hoje que o Scout acompanha o esporte. Scout de maneira simples é o registro e análise das ações individuais dos atletas e da equipe durante uma partida, ou seja, um apontamento de todos os passes, desarmes, cruzamentos, finalizações, tempo de posse de bola, etc., visando melhorar a efetividade em cada quesito bem como avaliar tendências e evoluções individuais e em grupo.
Os Scouts mais elaborados e divulgados que conheço estão nos esportes praticados no Estados Unidos como o Beisebol, o Basquete e o Futebol Americano. Lá todos são exaustivamente explorados e utilizados para melhorar o desempenho dos atletas e equipes. O Scout pode ser feito sobre sua própria equipe e també
m sobre os adversários.
Aqui no Brasil o exemplo mais claro de utilização é no vôlei, temos estatísticas de melhor sacador, melhor recepção, melhor bloqueio, melhor ataque, melhores jogadas e por aí vai, medindo performance individuais, definindo estratégias de j
ogo, estratégias para uma única jogada, e alimentando os treinadores com informações sobre seus atletas e adversários para serem trabalhadas e exploradas.
No futebol essa ferramenta está muito presente na mídia esportiva como forma de alavancar audiência e fomentar discussões. Alguns clubes levam isso bem mais a sério, utilizando esses recursos para potencializar resultados e atingir objetivos.Como exemplo prático, a
nalisei os gols marcados pela Ferroviária no Campeonato Paulista da série A3 de 2010. Vamos aos dados:
  • A Ferroviária jogou 27 partidas e fez no total 50 gols. Uma média de 1,85 gols por partida.
  • De todo o elenco 12 jogadores marcaram gols. São eles: Danilo Martins - 15 gols, Julio Cesar - 10 gols, Tobias - 10 gols, Leandro Miranda - 6 gols, Rodrigo Cesar - 2 gols, Giba - 1gol, Rodrigo Sales - 1 gol, Assis - 1 gol, Paulo Henrique - 1 gol, Amarildo - 1 gol, André - 1 gol, Walker - 1 gol.
  • 88% dos gols ocorreram na faixa central do campo sendo a grande maioria, 72%, através de chutes.
  • 80% dos gols ocorreram de dentro da grande área. Dos 20% que foram feitos de fora da área apenas 4 gols, ou seja 8% saíram de finalizações com bola rolando.
  • O lado mais efetivo de passes para gol foi o direito com 39% passes.
  • 82% dos passes para gol aconteceram na região central do ataque até a linha de fundo. Apenas 18% tiveram origem em passes longos.
Dessa pequena análise podemos tirar algumas conclusões:
  • Nossos atacantes titulares são muito eficientes, porém os reservas fizeram apenas um gol, ou seja, 2%, fato que sugere uma forte dependência dos atacantes titulares.
  • Nosso ponto forte é a bola por baixo dentro da área, mas podemos melhorar principalmente nos arremates de fora da área.
  • Temos um bom percentual de gols em cobranças de falta, em compensação nos pênaltis está muito ruim, pois perdemos mais do acertamos.
  • Apesar do lado direito ter originado mais gols temos valores equilibrados em todas as regiões do ataque.
Nesse breve relato é possível explorar inúmeras situações. Minha sugestão a Ferroviária é investir nesse tipo de ferramenta. Hoje existem empresas especializadas em fazer Scout, mas como sei que a verba é curta na AFE, ela poderia buscar parceria nas universidades locais, a fim de desenvolver um projeto com alunos e docentes de estatística, educação física e matemática. Acredito que o Scout daria um belo projeto tanto para a Ferroviária bem como para os parceiros que poderão vivenciar na prática a análise e definição de estratégias individuais e em grupo.

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