sábado, 19 de junho de 2010

Ferroviária S.A. - Quando o passional e o real são mundos distantes

A volta do João Martins no comando técnico da AFE suscitou muitas críticas, inclusive à diretoria grená.

Do ponto de vista do torcedor, emocional e passional, queríamos o melhor dos mundos, ou seja, manter grande parte do elenco vice-campeão em 2010 com o Danilo Martins, o Tobias, o Rodrigo César, o goleiro Roberto e etc., além de trazer reforços e um técnico renomado no mundo do futebol, como o Vadão, o Vagner Benazzi ou o Luis Carlos Ferreira. Entretanto há uma longa distância entre a realidade financeira da Ferroviária S.A. e os anseios populares. A AFE precisa gerar receita e as três importantes formas disso acontecer não são as melhores.

Arrecadação com torcida - É Contemplada pela venda de material associada à marca (A Lojinha Oficial), sócios e a bilheteria dos jogos. Nesse quesito não somos nenhum primor, estamos na média ou seja, um fator regular principalmente porque não há uma constância de público na Arena da Fonte. Fizemos dois jogos com 6mil pagantes e só, e mesmo assim, com grande maioria de ingressos promocionais, isto é, a R$5. Na questão bilheteria também tivemos a pífia e penosa partida na arena com pouco mais de 600 pagantes, valor arrecadado que sequer deve pagar a alimentação dos atletas no mês. Isso tudo, parte é culpa da diretoria e seu plano de marketing e parte do torcedor que não apóia e comparece. Nem é preciso comentar que tivemos a proeza e a incoerência de ter menor público na final do campeonato na Arena da Fonte do que nas partidas da semifinal. Com o acesso garantido a torcida pisou na bola e perdeu uma grande chance de ajudar a equipe financeiramente e no fomento de novos patrocinadores. De 600 a 6.000, a torcida é inconstante, infiel e não confiável, essa é a imagem que passa.

Patrocinadores -Aqui nem é necessário gastar muito tempo, a Ferroviária vive do patrocínio assistencialista de alguns empresários locais. O patrocínio não é tratado como uma forma de fazer negócio e investimento. A AFE vive a passar o chapéu pedindo e mendigando, reflexos também de uma torcida ausente principalmente nas fases ruins. Tenha a Ferroviária uma média de 15, 20mil torcedores por jogo e veremos mudar esse interesse no patrocínio. Vale lembrar que nesse ano a Ferroviária S.A. antecipou receita para pagar seus compromissos, isto é, pelo menos parte do patrocínio do 2° semestre de 2010 já foi gasto para pagar dívidas e despesas do Paulista da A3. Isso em muito explica a necessidade de custeio de uma equipe barata, suportada por jogadores das categorias de base.

Negociação de atletas - O grande pilar de sustentação para os times pequenos é a formação e transferência de atletas. Sob esse aspecto, dos jogadores do time vice-campeão de 2010 que partiram, você sabe quanto a AFE ganhou com a saída desses atletas? Nada ou quase zero pois os direitos federativos não pertenciam a Ferroviária S.A. e sim à ZETEX e outros clubes/empresários. Agora a AFE tem por estratégia nesse 2° semestre de 2010 trabalhar com as categorias de base na Copa Paulista, a Copinha, e tentar revelar talentos. Dessa forma irá negociá-los e fazer caixa para 2011. Isso mesmo, engana-se quem pensa que se surgirem bons jogadores na Copinha a AFE ficará com esses talentos para a disputa da A2 em 2011, pois a necessidade é gerar receita, pagar dívidas atuais e quiçá ajudar a diretoria na montagem da equipe para o Paulistão do ano quem vem.

A realidade da nossa Ferrinha é dura e no curto prazo não vejo como reverter tal situação, sendo assim, administrativamente, a estratégia de início com o João Martins é a mais plausível e possível, ou seja, focada na formação de atletas.

É meu caro torcedor, já não basta torcer, na minha visão a AFE precisa de muito mais. Nossos anseios são e estão muito acima e distantes da realidade do negócio Ferroviária S.A. O que sabemos de momento é que , existem equipes melhores estruturadas e amparadas como também equipes em piores condições que a nossa. Para uma AFE forte em 2011 essa estratégia precisa dar bons frutos, por isso a crítica pela crítica no atual momento em nada contribui. O nosso apoio incondicional é e será importante para o futuro grená.

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