quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cobrança de lateral – Do improviso a estratégia

Há tempos a cobrança de lateral me chama a atenção no futebol brasileiro pois existe um grande potencial pouco explorado. Muitas vezes a cobrança parece uma penalidade ou uma loteria, isso porque o time com a posse de bola tem sérias dificuldades para sair jogando tanto no ataque, como na defesa. Invariavelmente a bola é lançada para jogadores de costas para o marcador, em espaço limitado pela lateral do campo e com poucas possibilidades de articulação ou ainda em disputas de bola pelo alto ou finalizadas por chutões para frente. Não tenho uma estatística para esse evento no futebol, mas sustento a hipótese de 50% dos laterais cobrados não se revertem em uma situação positiva para o time cobrador. Isso acontece porque é dada pouca atenção a uma situação importante no futebol moderno, a cobrança de lateral como parte estratégica de ataque, de posse e controle de bola.

Diferente do Futsal e do basquete onde jogadas são exaustivamente pensadas e trabalhadas pelas equipes, no futebol parece um ato de improviso, com poucas jogadas planejadas e articuladas oriundas de lances de lateral.

Sendo assim, proponho que a cobrança de lateral seja trabalhada mais no plano tático e enxergo duas situações distintas, uma ação conservadora e uma ação mais agressiva. Em ambas devemos definir algumas regras básicas:

  • Estabelecer de 3 a 5 jogadas no máximo e treiná-las a exaustão. Uma jogada é um lance de precisão e necessita de muito ensaio.
  • Ter um cobrador oficial em cada lado do campo, pois ele tem o papel principal de fazer a leitura do lance, chamar e iniciar a jogada.
  • Fazer a leitura da marcação, se por zona/territorial ou individual sob pressão e ter jogadas para cada tipo de evento.
  • Estabelecer de 2 a 3 jogadores recebedores por jogada, os demais devem contribuir no posicionamento tático, cobertura e pontos de ligação.
  • Explorar as habilidades mais importantes de cada jogador com o intuito de potencializar o resultado, ou seja, se o jogador é veloz ele deve ser orientado para explorar esse potencial. O oposto também deve ser observado, por exemplo, no caso do jogador ter baixa estatura, não se deve trabalhar para que ele participe de jogadas aéreas onde a chance de êxito é menor.
  • Explorar as habilidades em grupo como triangulações e bloqueios da marcação.
As jogadas conservadoras devem ser aplicadas principalmente quando da marcação sob pressão e situadas no campo de defesa. No planejamento da jogada é importante a atenção redobrada na cobertura para minimizar riscos. A ação deve ser orientada para propiciar uma rápida virada de lado de campo para abrir o jogo e espaços na marcação adversária. O goleiro também deve ser aproveitado nos casos próximos à linha de fundo de defesa. O foco aqui é não correr riscos e manter o controle da posse de bola.

Nas ações classificadas como agressivas o foco é propiciar jogadas de ataque e estão sujeitas a riscos. Nesse tipo de lance deve se explorar a velocidade dos atacantes lançando a bola em pontos futuros, os chamados lançamentos no vazio até porque não há impedimento na cobrança de lateral, além de jogadas de cruzamento na área e finalização a gol.

Por fim, além de árduo treino, as jogadas constantemente precisam ser avaliadas, retornando índices de acerto e objetividade visando seu aprimoramento.

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