terça-feira, 24 de maio de 2011

Temos grana? Análise financeira da Ferroviária S.A.

É corriqueira nos clubes de futebol surgirem dificuldades financeiras e a Ferroviária S.A. não é uma exceção. Resolvi então, com base nos demonstrativos financeiros de 2010/2009 de algumas equipes paulistas, avaliar alguns pontos de destaques da administração grená e tecer algumas considerações.

Ressalto que não sou nenhum expert em contabilidade e análise de balanço mas alguns números falam por si. Vamos a eles. 

O balanço patrimonial grená tem algumas particularidades. O primeiro ponto refere-se ao passivo a descoberto de 2010 de R$ 825.301,91 ou seja a soma de todos os ativos, que são todas os bens e direitos não pagam todas as obrigações do passivo contraídas. Um ponto de atenção pois deixa claro que o capital social dos sócios já foi pulverizado.

O discurso do custoso clube empresa realmente se evidencia quando observamos no passivo as obrigações tributárias da Ferroviária S.A.. Em 2010 os tributos representaram 39% do total do passivo e em 2009 essas obrigações significaram 54%. 
_____________________2010_____________2009
Passivo Total__________R$1.652.042,46____R$1.229.543,84
Obrigações tributárias___ R$  646.097,81____ R$  658.979,28

Da análise de demonstração de resultados dois pontos de destaque nas receitas do exercício. Tivémos uma perda significativa de receita oriunda das atividades do desporto profissional. Em 2009 arrecadamos R$933.000,91 comparados a R$576.146,14 em 2010, supostamente redução de receita com a venda de jogadores e bilheteria nos jogos que pode determinar que temos uma má gestão de marketing no fomento de arrecadação com bilheteria e como esperado, escassos jogadores da base com potencial de venda.

Apesar dos pesares as receitas com publicidade e patrocínios evoluiram em 32%, com valores em 2009 de R$777.000,00 para R$1.022.100,00 em 2010.

Ressalto também a significativa melhora no equilíbrio financeiro (receitas x despesas) obtido no último ano com prejuízo de R$74.234,87 se comparado a 2009 quanto as perdas atingiram R$636.430,82. O principal elemento para esta drástica redução está ligado as despesas administrativas, quando o montante foi de R$237.178,45 em 2010 ante R$538.364,04 em 2009.

Apesar das evoluções na contenção de custos operacionais não diretamente ligados ao salário dos atletas é pressuposto que o ganho de eficência esteja agora em patamares com pouca margem para grandes reduções, fato que obrigatoriamente direciona a direção grená em focar seus trabalhos, quase que de maneira  exclusiva, nos atributos de geração de receita.

Para finalizar, a torcida grená está sempre sem entender como clubes próximos ou ligados a cidades menores que Araraquara disputam a série A1 do Paulistão ou estão em posições de maior destaque no cenário paulista. Para tentar sanar algumas dúvidas apurei alguns números e que por vezes demonstram que as coisas não estão tão bem quanto aparentam ou vice-versa.

Linense: O clube tem superavit de mais de R$1,5 milhões em seus cofres com destaque na obtenção de receitas(bilheteria, patrocínio,publicidade e outras) totalizando R$3.965.372,00 em 2010 e R$2.229.738,00 em 2009.

Atlético Sorocaba:Sem muitos detalhes a principal fonte de receita do clube são as doações que representaram em 2010 o valor de R$5.156.727,32 e outros R$3.316.573,57 em 2009.

Guarani: Não é de hoje que o clube vem sofrendo perdas, nos últimos anos os prezuízos alcançam mais de R$11milhões e seu passivo a descoberto estava em 2010 na casa dos R$51milhões.

Paulista: Apesar de boa aparência dentro de campo o clube estenta um passivo a descoberto de R$12.672.907,48 em 2010 contra R$8.795.701,73 em 2009 e tem como fonte de patrocínio e publicidade no último ano apenas R$479.275,93. 

Marília: O Clube obteve em 2010 com receitas com patrocínio e publicidade o montante de R$755.028,08.

Comercial: O clube em 2010 terminou o ano com um passivo a descoberto de R$3.059.340,35 e um deficit no ano de R$1.147.850,46.

Deixo agora para o leitor fazer suas inferências.

Fonte: FPF

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