domingo, 3 de outubro de 2010

Futebol do Interior Paulista - Hoje está assim, mas espero que mude

O futebol no interior, pelo menos de São Paulo, com raras exceções, a tempos trabalha em um modelo de negócio diferente dos grandes clubes. Vou designá-lo como Contratação Sazonal.

Esse modelo foi a forma dos clubes minimizarem seus custos, suas dívidas e manterem-se vivos em épocas sem campeonatos em disputa. Para ficar mais claro, tomemos por base um time que disputou o Campeonato Paulista no 1° semestre do ano. Se ele não está classificado para disputar um dos campeonatos nacionais da série A,B,C ou D e também não se interessa pela inexpressível Copa Paulista ficaria em inatividade por 8 meses até o campeonato paulista do ano seguinte. Tal regra também vale para os clubes que disputam algumas das competições acima mas não passam de fase, em média eles ficarão 5,4, 3meses em inatividade. Nessas condições, por maiores que sejam os anseios explícitos da torcida e da própria diretoria em estabelecer um planejamento e trabalho a longo prazo para o ano seguinte, a manutenção do elenco se torna inviável financeiramente. É aí que entrou em moda a contratação sazonal de atletas, o contrato rápido, de curto prazo, dificilmente extrapolando os 6 meses de duração e com renovações tradicionalmente de 3 meses.

Digamos que, se há jogo há jogador, caso contrário o desmanche do elenco acontece sem piedade e é hoje uma condição regimentar para a sustentabilidade fragilizada das equipes paulistas.

Evitar os sofrimentos financeiros falam mais alto, deixando de lado quaisquer outros fatores do negócio futebol, como o fortalecimento e entrosamento do grupo, a identidade atleta-equipe-torcida, a criação de raízes, a formação de ídolos, o desenvolvimento técnico, tático e físico do elenco.

Pode-se afirmar que jogador de futebol sempre teve fama de ser um "cara rodado", o chamado itinerante da bola, mas hoje, esse conceito extrapola quaisquer lembranças do passado.

No meu ponto de vista quem perde é o futebol paulista e brasileiro. O celeiro de tantos craques do passado, hoje é um albergue da bola. Tal estrutura não desenvolve os atletas, não dá condições emocionais de trabalho a um jogador que daqui a 3 meses irá recomeçar em outro lugar ou amargurar tempos de inatividade que só prejudicam seu desenvolvimento físico, técnico, tático e social.

Na Ferroviária S.A. essa história não é diferente. A partir de outubro começa, com mais intensidade, o fim dos contratos de vários atletas do atual elenco grená. Nesse momento a diretoria e comissão técnica terão que exercer o direito de renovação ou não. Já foi noticiado pela Ferroviária a saída do lateral-direito Geovane que não teve seu contrato renovado. Outros atletas em breve passarão pela mesma situação, onde serão avaliados e conforme as necessidades e pretensões da AFE para o restante da Copa Paulista, terão a opção de não renovar ou renovar por mais 3 meses. Como aconteceu no final do Campeonato Paulista de 2010, serão raros os jogadores que terão a renovação por períodos maiores e que podem abranger o "time dos sonhos" que irá disputar o Campeonato Paulista da série A2 em 2011.

Para alguns está chegando a hora da verdade. Até o final do ano 14 jogadores passarão por essa prova. Em outubro vence o contrato do volante Cesinha e do zagueiro Ronaldo. Em novembro é a vez dos goleiros Eduardo e Junior Pereira, os laterais-direito Bira e Julio Cesar, o atacante Marcelo Tevez e o lateral-esquerdo Thiago. Em dezembro o meio-campo Felipe Spellmeier, o zagueiro Fernando Presente, lateral-esquerdo Fernando Luis, o atacante Guilherme Alves, o volante Abuda e o goleiro Tiago.

Alguns torcedores podem até pensar, assim é melhor, jogador que está com contrato relaxa e não joga. No meu ponto de vista, o atleta que pensa e age desta forma não tem boa índole e um bom caráter, mesmo com resultados, não é merecedor de estar no quadro de atletas de uma agremiação. Eu, prefiro, sempre, acreditar no ser humano, que precisa atender suas necessidades, mesmo que básicas, de alimentação , segurança, moradia, etc.

Esse é hoje o mundo da bola, mas para o bem do esporte espero que mude.

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